6.10.06

 

A pessoa portadora de deficiência e o EAD - 2

No dia 24 último postei um texto que falava da experiência do Analista de
Sistema e estudante do curso de Administração a distância da UVB,
Laérte Sant'Anna. Depois, eu lhe pedi (e ele gentilmente me atendeu)
que escrevesse um texto mais detalhado sobre a experiência dele como cego
e aluno de EAD. Agradeço muito ao Laércio pela colaboração. A idéia de
discutir esse tema aqui é para ressaltar a importância do EAD para as
pessoas que têm qualquer tipo de limitação física ou mental. O importante
agora é tornar essa ferramenta educacional acessível a todos, como o
explica o Laércio.

Laércio - Como você já deve ter percebido, sou também um entusiasta do ensino a
distância. Acredito que ainda não sabemos fazer isso direito no Brasil, mas
estamos começando, e acredito que chegaremos lá.
Penso que o ensino a distância se tornará um grande aliado das pessoas com
deficiência. Devido ao fato de ser possível estar em seu ambiente, os
problemas de barreiras arquitetônicas e tecnológicas ficam minimizados. O
estudante estará usando seu computador e em seu ambiente adaptado. Se é um
deficiente visual terá seu leitor de tela devidamente configurado. Se é um
deficiente físico terá a cadeira e mesa na altura e posições corretas, bem
como os dispositivos necessários para a digitação se for o caso. Certamente
ele não teria este ambiente tão favorável em uma sala de aula tradicional.
Isso sem considerar as dificuldades para ir e vir. As cidades não oferecem
condições adequadas para o uso de transporte público por pessoas em cadeiras
de rodas, assim como as calçadas não oferecem condições a um caminhar
tranqüilo para quem usa uma bengala.
Infelizmente, as tecnologias assistivas (softwares hardwares desenvolvidos
para as pessoas com deficiência interagirem com o computador) ainda não
são capazes de ler tudo o que aparece na tela. É de fundamental importância
que os desenvolvedores das interfaces sigam padrões de acessibilidade.
Se o curso for pensado para todos, certamente haverá um interprete de língua
brasileira de sinais para os vídeos apresentados, bem como legenda. Os
gráficos e imagens possuirão texto descritivo dentre outras dicas e
necessidades que podem ser encontradas nas recomendações do W3c no documento
do WCAG 1.0.
O dia que tais questões forem consideradas, o ensino a distância será o
melhor meio para a pessoa com deficiência estudar.

Sobre as ferramentas de EAD - A UVB usa uma interface própria. Ela ainda apresenta problemas. Penso
que é um dos pontos negativo da universidade, que em minha opinião, é muito
boa. Ele tem boa acessibilidade aos programas de leitura de tela como Jaws,
Dosvox e Virtual Vision? Infelizmente não. Este é um dos problemas. Consigo interagir, mas precisei
aprender a lidar com as dificuldades, e configurar o meu leitor de tela
(Jaws) de forma particular e específica para aquele ambiente. Tenho
consciência que não é qualquer usuário cego que é capaz de realizar tais
ajustes, pois exige bastante conhecimento do uso dos recursos avançados do
leitor, bem como muita dedicação e paciência.
Uma página acessível e adequada não pode submeter seus usuários a tal
situação.

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